A confusão das semanas de moda
Mundo descentralizado e a ascensão de marcas pequenas e autorais pede uma nova organização
Bom dia!
Na news de hoje:
Tema principal: A confusão das semanas de moda
Fé, esperança e carnificina: A editora que lança artistas cult
Do meu banheiro para o seu: shampoo novo
Novo som: ouvindo no repeat as meninas do Laz Trio Latino ❤️
Você sabia? O gabinete de pequenas curiosidades
Goodbye, so long, farewell: Gran finale com meu master crush de banda
Calendário de moda: uma grande confusão
As semanas de moda estão passando por sua fase mais caótica desde que foram inventadas, na década de 1940. Muitas pessoas do meio têm questionado a necessidade de um desfile hoje como principal ferramenta para gerar brand awareness e vendas, já que ele representa um investimento altíssimo para as marcas.
Para quem não é do meio, uma semana de moda é importante porque reúne, em sincronia, a indústria e seus principais players. Estilistas, marcas, empresários, buyers, criativos, editores, imprensa e empresas têxteis podem conviver, criar novos projetos, fechar negócios e desabafar sobre as adversidades da indústria, tudo no espaço de uma semana. O calendário internacional tem Nova York, Londres, Milão e Paris como as principais capitais da moda. Aqui no Brasil, o SPFW ainda é o principal evento.
Mas se antes da pandemia este sistema já dava sinais de desgate, depois então o calendário da moda virou de cabeça para baixo. Hoje, o único mês do ano que não tem um desfile ou uma semana de moda rolando é agosto, quando a indústria na Europa e nos EUA entra de férias. Uma marca que atende um lifestyle completo, produzindo feminino, masculino e alta costura faz cerca de oito desfiles e coleções comerciais por ano - isso porque não falamos dos acessórios e das linhas para casa. Essa quantidade absurda de produção e apresentações cria uma estafa criativa, emocional e econômica às pessoas envolvidas e ao negócio. Haja fôlego.
Hoje, o principal calendário internacional funciona assim:
Janeiro: semanas masculina e deAlta Costura
Fevereiro/março: semanas femininas
Abril/maio: desfiles de resort
Junho/julho: semanas masculina e deAlta Costura
Agosto: férias! 😵
Setembro/outubro: semanas femininas
Novembro/dezembro: desfiles de pre-fall
Os principais problemas deste sistema hoje são:
O calendário está desconectado do varejo. As principais semanas de moda feminina, em março e outubro, vêm no pior momento possível comercialmente, já que as coleções são vendidas bem antes.
O sistema atual funciona para as marcas grandes, que podem desfilar apenas para causar buzz e conseguem produzir o que precisar num prazo mais apertado.
As marcas pequenas e médias sofrem com a falta de prazo e com a obrigatoriedade de produzir ao menos 4 coleções por ano (duas principais e duas pré-coleções para cada Primavera/Verão e Outono/Inverno).
"Sendo uma grife independente, que só pode crescer com autofinanciamento, perseguir um calendário definido pelos grandes nomes é muito difícil".
Kym Ellery, designer
Muitas marcas também estão optando por desfilar feminino e masculino de uma vez só, criando buracos em suas semanas de moda de origem.
E marcas femininas pequenas estão apresentando suas coleções mais cedo, na semana masculina, para ter mais tempo de produzi-las.
Para marcas grandes e muito famosas, como Saint Laurent e Michael Kors, vale mais a pena desfilar onde eles quiserem no mundo com um público só deles em vez de ficar dividindo atenção com seus concorrentes na semana oficial.
Nos últimos anos, grifes importantes como Ralph Lauren, Burberry Gucci, Bottega Veneta, Balenciaga e Alexander McQueen escolheram desfilar por conta própria, em locações como Dubai e Califória, fora da semana de moda.
Custa caro fazer um desfile.
Provoca desperdício de cenografia e comida e gera um impacto ambiental grande.
Outras semanas de moda pelo mundo têm ganhado cada vez mais visibilidade em locais como Berlim, Miami, Lagos, Copenhagem, Atenas, Amsterdam, Lisboa, Canadá, Los Angeles, Buenos Aires, Bogotá e São Paulo.
Como funciona no Brasil
Aqui, temos dois eventos principais, fundados na mesma época: O São Paulo Fashion Week (1995) e a Casa de Criadores (1997, focado em novos talentos e marcas disruptivas). Por muitos anos, o SPFW foi o principal evento lançador de tendências na moda brasileira, mas mudanças do mundo em direção a uma descentralização da moda têm beneficado outros negócios. Eventos como Minas Trend, Dragão Fashion Brasil, Brasil Eco Fashion Week e Brazil Immersive Fashion Week têm seu público próprio e crescente e são cada vez mais importantes, não apenas para seus locais de origem.
Em 2022 a indústria global da moda foi avaliada em US$ 1,7 trilhão, ou seja, ela contribui significativamente para muitas economias em todo o mundo, oferecendo oportunidades de emprego e gerando receita. A moda também é parte integrante de muitas culturas e sociedades, refletindo importantes valores sociais e culturais. É importante que ela se reorganize, ou melhor, que ela se atualize com o mundo (descentralizado) de hoje.
"Está tudo no ar. Este é apenas o começo de uma profunda mutação, como mostra a confusão generalizada que toma conta de todo o sistema. Nos últimos anos, muitos caminhos foram testados e agora começamos a ver as coisas com mais clareza".
Milan Vukmirovic, estilista da Ports 1961
Leitura cult
Se você gosta de música boa, precisa conhecer a editora Terreno Estranho. É por ela que chegam aqui os livros escritos por artistas como Nick Cave, Jarvis Cocker, Mark Lanegan (Screaming Trees) e Bobby Gillespie (Primal Scream), entre outros. Um dos sócios é o Fabio Massari, uma enciclopédia musical por si só, então tá explicado. Eu tô lendo Fé, Esperança e Carnificina, do Nick Cave, e já comprei o Garoto do Cortiço, do Bobby Gillespie. Dá pra comprar pelo site deles ou em livrarias independentes, como a Mandarina.
👩🏻
Do meu banheiro para o seu: shampoo Nick Vick
Nunca tinha ouvido falar dessa marca até a moça da Drogaria Iguatemi me apresentar. Meu cabelo tem caído muito, aliás, tem estado uma chatice geral, e esse shampoo eu tô curtindo. Ele é antiqueda e tem melaleuca, que eu gosto muito. Meu cabelo ficou brilhante e saudável. Tem a partir de R$ 30 na internet.
👩🏻
Vale ouvir: Laz Trio Latino
Laz é Letícia, Ana e Camila Zárate, três jovens (uma peruana e duas brasileiras) que eu vi tocando no Bazar da Praça e fiquei emocionada. Elas ainda não têm Spotify ou outros tocadores de música, mas espero que isso mude logo! Como eu acredito muito no poder de compartilhar, aqui vai elas cantando lindamente La Maza, do cubano Silvio Rodríguez.
Você sabia que…
- Marcas de moda no Brasil estão repensando seu consumo de água. O FFW mostra 5 exemplos.
- O ex-top negociador de reféns do FBI Chris Voss fala sobre a arte de negociar em uma entrevista ao podcaster Lex Fridman. Aqui no spotify (conteúdo em inglês)
- A Melissa relança a colaboração com o estilista francês Jean Paul Gaultier, 40 anos após a estreia dessa colab. São dois modelos, um com salto outro sem, disponível em diversas cores. Conheça no site oficial
- As ferramentas de arte de I.A. podem revolucionar o projeto arquitetônico? Quem explica é o professor de arquitetura Joshua Vermillion, ao WePresent. (conteúdo em inglês)
- Creator Economy não é sobre publicidade nem sobre a base da blogueira. O Youpix fala 5 coisas que a Creator Economy não é.
- Uma viagem para Bangkok, um fim de semana em Dubai e um passeio de balão estão entre os programas feitos no primeiro encontro de três casais que deram match no aplicativo nos EUA. Foram os dates mais caros em uma pesquisa do The Hustle.
E pra encerrar… 👋 💋
meu master crush
I'm movin' on up now
Gettin' out of the darkness
My light shines on, my light shines on