A coragem de Tamara Klink
Presa no gelo por 8 meses, ela encontra no silêncio total a única forma de liberdade pura
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Bom dia!
Na news de hoje:
Tamara Klink: solidão com vista pro gelo
Upcycling jeans
Uma playist de música brasileira
Quote: Uma frase pra refletir 🤯🤔
Goodbye, so long, farewell: A voz que acalma de Mustafa
» A news hoje está curtinha por motivos de eu estar na Flip yeey! «
Tamara Klink me deixa sem palavras
Presa no gelo por oito meses, ela encontra no silêncio total a única forma de liberdade pura
No caminho de São Paulo a Paraty, ouvi o podcast da Trip em que a Tamara Klink conta sobre os oito meses em que ficou com seu barco preso no mar congelado da Groelândia. Antes de embarcar, ela foi desencorajada de todas as maneiras: "Leva mais alguém"; "Vai faltar abraço, vai faltar homem"; "Vai com um homem que você não vai dar conta"; "Você vai ser fraca demais, não tem experiência, vai morrer congelada".
Entre quedas no gelo e auroras boreais, Tamara embarcou em uma jornada única que foi uma prova de resistência física e emocional, e uma profunda exploração do autoconhecimento e da verdade sobre o que significa estar só, tanto no mundo quanto consigo mesma. “Eu queria viver e descobrir o que acontece quando o mar congela, quando os animais vão embora, quando os sons, os cheiros e a luz desaparecem”.
O que sobra quando o mundo ao redor desaparece?
"Queria saber a verdade sobre quem eu sou quando não tem ninguém em volta, quando ninguém vai dizer o meu nome, quando ninguém vai me salvar. Quando um espaço navegável se torna terra firme, quando o som vai embora e fica o silêncio.Quem eu sou sem meu sobrenome, sem meu gênero?"
Como uma pessoa que gosta de ficar sozinha, eu passei a questionar: quem nós somos sem ninguém por perto? Quem somos quando não precisamos agradar ou atender expectativas? Quantas vezes a gente se adaptou em vez de atender ao nosso desejo próprio? Talvez a gente nunca tenha essa resposta porque nunca (ou quase nunca) estamos sozinhas.
Mas ela descobriu. “Ser mulher passa também por ser aceita, por ser reconhecida por algo que não são simplesmente as nossas capacidades de pensar, nossas ideias ou habilidades, mas também pelo nosso rosto e corpo. Quantas vezes a gente só consegue acessar certos lugares porque a gente aparenta ser alguma coisa? E de repente eu não precisava mais parecer. Eu podia apenas ser. Quando a gente para de pensar em qual é a cara que a gente tem, se a gente está apresentável, se a gente está vestida do jeito certo, de repente sobra muito tempo para o nosso próprio prazer."
Tamara viveu a maior liberdade de todas, poder descobrir e ser 100% quem se é, abandonar as questões com aparência, viver sem expectativas e eternamente no momento presente. Ela fala de um silêncio vasto, de quilômetros. Fiquei pensando na sensação de se dar conta desse silêncio - momentaneamente - infinito.
“No começo da viagem eu sofri um pouco por estar ainda associada a um modo de vida das pessoas que estavam em terra, em que a vida era garantida. Mas no ambiente em que eu estava, minha vida nunca estava garantida, então muitas coisas começaram a parecer fúteis. Ao longo do tempo, as pessoas começaram a se tornar cada vez mais abstratas na minha cabeça".
Ela também conta quando quase morreu ao cair num buraco que se abriu no chão de gelo. Tipo cena de filme, ela precisou se arrastar por debaixo do gelo até encontrar um pedaço menos duro para fazer um buraco e subir de volta à superfície. Durante alguns dias, ela não sabia se estava viva ou morta.
“Eu não tive medo, eu não tive dor, eu não tive frio. Eu só tive uma concentração absoluta em encontrar uma maneira de sair da água o quanto antes. Eu comecei a me arrastar, me puxar, a criar buracos no gelo podre para ter lugares onde me prender. E aos pouquinhos, eu consegui", disse à Globo.
Uma nota impotante sobre a solidão é que, no caso de Tamara, foi um escolha e ela partiu com data de volta. A experiência deu a ela uma nova perspectiva sobre os vínculos humanos. "Entendi que a minha viagem fazia sentido também porque ela era provisória."
Citar a coragem dela é uma obviedade, mas é o que nos deixa grudados na tela lendo todos os relatos e vendo os vídeos. Talvez ela nem imagine que, mesmo só, nunca estará sozinha.
Para Mariana Villela Ribeiro <3
Cacto Azul dá nova vida aos jeans usados
A Cacto Azul é uma marca de Santa Catarina que usa peças jeans que seriam descartadas para criar acessórios novos. Eu conheci a marca através de um projeto em que estou envolvida, que é um super livro que resgata a história riquíssima do jeanswear no Brasil.
“Nossa marca utiliza roupas jeans que já passaram pelo consumidor e entraram em desuso, bem como descartes da indústria têxtil", eles contam no site. Achei as peças uma graça e quis compartilhar.
Quer uma playlist muito boa de música brasileira?
Essa foi feita pelo meu filho Joaquim (13) e é muito boa. Tem bastante Chico Buarque, que ele ama, mas tem também músicas que eu não conhecia, artistas que eu pouco ouvia (Adoniran Barbosam Stan Getz) e passei a conhecer e a gostar através de ouvi-lo contar as histórias por trás de cada música quando a gente escuta juntos no carro. Tem Caetano, Elis, Gil, Bethânia, joão Gilberto, Rita Lee, Legião, Barbatuques, Criolo, Astrid Gilberto, Dupla 02, Cazuza, Milton… Aqui o link caso queira ouvir.
💚💙
Você que lê essa news até o fim sabe que eu sempre termino com uma música. Você pode acessar e ouvir todas elas nesta playlist aqui
“Aprendi que as pessoas vão esquecer o que você disse e esquecer o que você fez, mas elas nunca vão esquecer de como você as fez sentir.”
Maya Angelou
E pra encerrar 👋 💋
A voz que calma do cantor e poeta Mustafa Ahmed
Já salvei tanto a playlist quanto o podcast da Tamara. Adoro histórias como essa! Obrigada pelas refs <3
Ontem, eu revi a palestra de Tamara na Flip de 2022. Como aconteceu da primeira vez, eu fiquei novamente encantada com a autenticidade dela. Eu não sabia do rolê do gelo. Vou ouvir o podcast. Obrigada por compartilhar!