A História do Cancelamento
Do julgamento público à era digital: as raízes da cultura do cancelamento
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Bom dia!
Na news de hoje:
A história do cancelamento
A energia revigorante da Chloé
Um presente que todo mundo vai adorar
Quote: Uma frase pra refletir 🤯🤔
Goodbye, so long, farewell: Cocteau Twins
A História do Cancelamento
Como e quando surgiu a palavra cancelamento? O julgamento e a humilhação pública sempre existiram, mas o ato de cancelar como conhecemos hoje, é algo muito recente.
O documentário 15 Minutes of Shame (Max) mostra de uma forma muito clara e com vários exemplos como a internet e as redes sociais alimentam os métodos atuais de perseguição, dando força para o que hoje chamamos de "cultura do cancelamento".
A gente quer "cancelar” uma pessoa quando achamos que ela fez algo muito errado, antiético e/ou irresponsável e usamos o cancelamento como uma forma de justiça pública. As redes sociais viram armas e nós, soldados.
O termo cancelar alguém surgiu primeiramente na cultura pop, no filme New Jack City (A Gangue Brutal, de 1991), onde o personagem Nino Brown diz a frase "cancel that bitch”, referindo-se à namorada dele.
Em 2010, o rapper Lil Wayne fez referência à frase em sua música I'm Single. Em 2014, em um episódio da série Love & Hip-Hop: New York, Cisco Rosado disse à sua pretendente: "Você está cancelada”. E aí o termo começou a ganhar tração nas redes como forma de desaprovar um comportamento.
Foi quando ele começou a ser usado em massa para criticar e punir publicamente figuras públicas, celebridades ou empresas por comportamentos percebidos como racistas, misóginos, homofóbicos ou moralmente incorretos.
A ideia era chamar atenção para questões de injustiça social, iniciando boicotes e exigindo que essas pessoas ou marcas fossem responsabilizadas por seus atos. Em poucos minutos, a pessoa recebe uma avalanche de comentários que vão de emoji de carinha de vômito à ameaças de morte, passando por todos os xingamentos possíveis, além de perseguição, intimidação e assédio. Muitas vezes, vira um linchamento virtual. Não pensamos nas consequências. O cancelamento é parte do pagamento.
Críticos dessa cultura argumentam que ela pode ser excessiva, impulsiva e baseada em julgamentos rápidos sem nuances. Obama diz que o cancelamento é uma forma simplista de lidar com questões complexas e que a sociedade deveria se focar mais no diálogo e no entendimento.
Eu concordo. O que acontece de verdade sem a gente perceber é que, no ciclo acelerado dos compartilhamentos, perdemos o contexto. Mas continuamos clicando, comentando, compartilhando, voltando pra olhar. E sabe quem ganha com isso, né? Hello Meta e Twitter, que lucram bilhões de dólares enquanto permanecem completamente imunes com o conteúdo que corre em suas plataformas.
No filme, a engenheira da computação (e whistleblower do Facebook) Frances Haugen, conta como algoritmo atua em casos de cancelamento: quanto mais vezes uma pessoa é exposta a algo, mais ela gosta disso e mais acredita que é verdade. “Uma das coisas mais perigosas sobre o engajamento é que é muito mais fácil inspirar alguém a odiar do que a ter compaixão ou empatia. E isso desestabiliza sociedades, dado que você tem um sistema que hiperamplifica o conteúdo mais extremo”.
A escritora Roxane Gay prefere o termo cultura da consequência, que é a possibilidade de enfrentar consequências pelo que você diz ou faz. Seria uma evolução mais construtiva do cancelamento, que implica em aprendizado, diálogo e mudança, em vez de punição e ostracismo.
Ah, a produtora deste documentário é a Monica Lewinsky, uma das primeiras canceladas em escala global da sociedade contemporânea. Vale ver.
Chloé Maravilha
Pra quem não é da moda, tá rolando a fashion week de Paris, onde desfilam as principais marcas do mundo, dos nomes menores vanguardistas às gigantes como Chanel e Dior. E pra mim tem um nome pra ficar de olho. No caso, voltar a ficar de olho, já que se trata de uma marca com 60 anos de história e que estava adormecida e sem energia. Vamos falar de Cholé.
A designer alemã Chemena Kamali chegou no ano passado pra colocar a casa em ordem e fazer as pessoas prestarem atenção na marca novamente. Lembro no começo dos anos 2000 que a Cholé era uma das marcas mais desejadas da época; praticamente foi a marca que criou o termo it girls porque quase todas as meninas queriam ser garotas Chloé. Stella McCartney foi diretora criativa de 1997 a 2001 e, quando ela saiu, sua então assistente ocupou o lugar, uma jovem moça chamada Phobe Philo, que ficou de 2001 a 2006. Por esses quase 10 anos, a marca colocou o boho chic no mapa das tendências e criou as roupas, os sapatos e acessórios que causavam desejo e inspiravam muitas outras grifes. Elas tinham um ponto de vista sobre a feminilidade.
De 2006 pra cá, nada de novo no front, muitos designers assumiram a cadeira, mas a marca nunca mais decolou. E Chemena é a pessoa que quebra esse ciclo, entende o histórico da marca e como traduzir uma feminilidade que é revigorante. Tem romantismo e sonho, mas sem clichês e com energia. E fora que o desfile abriu e fechou com uma das minhas músicas preferidas da vida, Lorelei, do Cocteau Twins.
As peças são leves, soltas, positivas e têm um movimento lindo. E pra quem não for fã de roupas com babados, camadas e florais, têm também uma linha de alfaiataria bem bonita que tem sido usada, inclusive, pela Kamala Harris em momentos importantes da Convenção Nacional Democrata.
Os sapatos, as bolsas, a cartela de cores, os balonês certamente farão parte do próximo verão, muito além da Cholé.
Um lugar para as memórias
To apaixaonada por esse livrinho que é na verdade um mini album de fotos. Ele existe em mais outros dois tamanhos, mas eu gostei mesmo desse pequeno. O mimo é da Flavia Nasser, que foi uma das primeiras pessoas a fazer livros de fotos assim que se deu o boom da fotografia digital.
Você escolhe a cor que quer encadernar - a capa é de linho - e manda as fotos. Também dá pra escolher uma frase pra capa. Achei uma ideia linda para um presente e também uma maneira da gente guardar nossas memórias como fazíamos antes, em álbuns.
“Things of quality have no fear of time.”
"Coisas de qualidade não temem o tempo."
autor desconhecido
Você que lê essa news até o fim sabe que eu sempre termino com uma música. Você pode acessar e ouvir mais de 70 músicas nesta playlist aqui
E pra encerrar 👋 💋
Um clássico é um clássico