O Futuro do Fast Fashion é o Second Hand?
Seria uma ironia, mas o buraco é mais embaixo...
Bom dia!
Na news de hoje:
Tema principal: Fast Fashion X Segunda Mão
Surreal: Conheça a Cidade Futurista de US$ 500 bilhões
Listinha: Aquela Dica de Presente pra Quem Tem Tudo
Você sabia: O Gabinete de Pequenas Curiosidades
Goodbye, so long, farewell: Sweet Jane 💔
O Futuro do Fast Fashion é o Second Hand?
O fast fashion (H&M, Zara, etc) e o ultra fast fashion (Shein) fizeram com que as pessoas se acostumassem a preços baixos e novidades constantes.
Por outro lado, anos de discussão sobre como a produção desenfreada de novas roupas impacta o planeta, resultaram em um movimento de resistência que transformaram o mercado de segunda mão em um negócio gigante. Hoje, esse segmento, que também é conhecido como Resale, está avaliado em US$ 120 bilhões, três vezes mais do que em 2019, de acordo com o último relatório sobre revenda da Vestiaire Collective com o Boston Consulting Group (BCG).
E então, veio a notícia que ninguém esperava: segundo a Thredup, loja online de segunda mão nos Estados Unidos, os próximos 10 anos verão o mercado de revenda crescer muito mais rápido do que o varejo tradicional, com a expectativa de que tenha o dobro do tamanho do mercado de fast fashion até o ano de 2030.
A revenda parece muito mais ético, além de virar uma renda extra pra milhões de pessoas no mundo - quem aqui tem uma lojinha no Enjoei sabe do que estou falando. Em se tratando de marcas gigantes, ela pode abrir um novo potencial de receita enquanto passa uma mensagem consciente de como devemos lidar com o consumo.
No segmento do luxo, temos como exemplos a Balenciaga e a Selfridges, que lançaram plataformas integradas de resale. "A ideia é fidelizar os consumidores preocupados com a sustentabilidade, oferecer opções de preços mais baixos para aquisição de novos clientes e continuar lucrando com os produtos muito depois de saírem do chão de fábrica”, diz a jornalista Bella Webb, da Vogue Business.
Rapidamente, Zara, H&M e Shein anunciaram novas plataformas dedicadas à revenda, abrindo portais onde os clientes podem vender e comprar suas peças usadas. Mas o que acontece quando as marcas com a pior reputação de superprodução de roupas entram na revenda? O que acontece quando elas se apropriam desse negócio sem abordar ou diminuir os problemas que criaram?
Se uma loja de fast fashion ou moda em geral abre um negócio de revenda e, paralelamente, passa a produzir menos, aí sim essa manobra parece fazer sentido: se você reduz a produção para revender o que já existe, você reduz o impacto geral da moda.
Agora, lançar a plataforma de revenda sem reduzir a produção, é só mais um negócio, mais uma forma de ganhar dinheiro, não importa muito qual seja. Uma empresa não pode reivindicar sustentabilidade só porque abriu um site pra revender peças usadas, a menos que também estejam trabalhando em um modelo de decrescimento, que exige redução da produção e um novo comportamento de consumo.
Eu acho importante que o fast fashion comece a introduzir esse pensamento de revenda e reparo de roupas dentro de suas lojas porque elas são um ponto de conexão com milhões de pessoas no mundo. É importante que, tanto as práticas mais conscientes quanto as reflexões, aconteçam em larga escala. O meu ponto é só a gente não achar que elas mudaram de lado. O lado delas é bem claro pra mim.
A superprodução ainda é o maior problema na indústria da moda. É o que causa trabalho análogo a escravidão, consumo acelerado, questões de baixa auto estima e um impacto imensurável no meio ambiente. A indústria da moda global está entre as mais sujas do planeta: produz 1/10 de todas as emissões de carbono da humanidade, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, e é o segundo maior consumidor de água.
Mas se o segmento de revenda na moda vai estourar e ultrapassar o do fast fashion, isso mostra um ponto em comum entre dois opostos: o consumo excessivo. O problema, então, está… na gente.
🤷🏻♀️
The Line
Um Muro de Espelho Corta o Deserto
Isso é muito surreal e renderia uma news inteira só pra falar disso. O projeto Neom é uma nova região sendo construída na Arábia Saudita que terá inúmeras cidades, resorts e outros empreendimentos. Iniciativa do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o projeto de US$ 500 bilhões se estenderá pelas fronteiras da Arábia Saudita, Jordânia e Egito, e foi anunciado pelo governo saudita em 2017 como parte do plano Saudi Vision 2030 para diversificar a economia do país, e injetar a riqueza do petróleo em recursos de energia renovável.
Neom consistirá em 10 regiões. Entre elas, está a The Line - a mais divulgada até agora - que você pode ver na foto acima. Acredite ou não, mas é uma cidade linear de 170 quilômetros que abrigará até nove milhões de pessoas e consistirá em dois arranha-céus paralelos de 500 metros de altura, revestidos com fachadas espelhadas e separados por 200 metros.
Escritórios envolvidos
Entre os escritórios de arquitetura confirmados neste mega projeto, estão os americanos Aecom e Aedas; o estúdio britânico Zaha Hadid Architects; os escritórios holandeses UNStudio e Mecanoo; o alemão LAVA e o australiano Bureau Proberts.
Controvérsias
Obviamente, o projeto já provocou três preocupações logo de cara: sustentabilidade, habitabilidade e direitos humanos - a Arábia Saudita é conhecida por violar direitos humanos, segundo a Anistia Internacional. Um dos pontos é ligado aos despejos que ocorreram antes do início da construção: a área a ser desenvolvida pertence a tribo Huwaitat e estima-se que cerca de 20.000 membros da tribo serão realocados para acomodar o desenvolvimento da obra. O Neom também tem sido criticado pelo carbono incorporado à construção - estima-se que mais de 1,8 bilhão de toneladas de dióxido de carbono incorporado serão produzidas. Segundo Philip Oldfield, da Universidade de New South Wales, esse enorme custo "superará quaisquer benefícios ambientais".
Quer mergulhar nessa história maluca? O Discovery fez um mini doc em que os próprios arquitetos explicam tudo. Aqui
Listinha boa 😉
Aquelas dicas de presente pra quem tem tudo
Um sex toy? Divertido e inusitado, hein? Tenta aqui na Climaxxx
Senão, uma assinatura da plataforma de filmes Mubi é um super presente!
E cadastrar a pessoa num clube do vinho? Tem muitos por aí, mas este do De La Croix eu ia amar receber!
Quer algo mais light e ainda assim original? Tenta um kit dos chás maravilhosos da Infusiva, que tem os melhores e mais lindos chás do Brasil!
O clube do livro da editora Dois Pontos é outro presente super simpático e você ainda contribui com diversos autores, artistas e ilustradores.
Quer dar uma planta linda e diferente? Eu compro no Mercado Verde e, sério, algumas espécies parecem pinturas, vale checar.
Também curto muito o trabalho desse artista de Recife, o Ceramiquinho (aka Guilherme Lira). Ele faz cerâmicas artesanais e super brasileiras. Também adoro e Vali Cerâmicas.
Você sabia que…
- Um casal pagou mais de R$ 1 milhão pra remover um mural do Banksy de sua casa? O Globo conta tudo.
- Com décadas de atraso, a H&M confirma sua chegada ao Brasil em 2024, segundo o FFW.
- A Sneaker Con, maior feira dedicada a cultura sneaker, acontece no Brasil em novembro. Saiba mais pela Fast Company.
- Tem uma newsletter que traz sempre muitas coisas legais pra fazer em São Paulo. É essa aqui, da Gaia Passareli.
- A Agência Pública fez um mapeamento do jornalismo independente. É um mapa interativo com as mídias que nasceram na rede, fruto de projetos coletivos e não ligados a grandes grupos de mídia, políticos, organizações ou empresas. Incrível. Aqui.
Adeus Jane Birkin: você sabe como ela virou nome da bolsa mais famosa da Hermès?
Era 1984 quando o executivo-chefe da Hermès, Jean-Louis Dumas, sentou-se ao lado de Jane Birkin em um voo Paris - Londres. A cantora britânica viajava com uma bolsa de palha, sua preferida, e a guardou no compartimento acima da sua poltrona, mas ele abriu e caiu tudo que estava dentro da bolsa. Dumas ajudou a recolher e brincou que ela precisava de uma bolsa com bolsos. Jane respondeu que no dia em que a Hermès fizesse uma bolsa grande para o dia a dia que pudesse conter todos os itens que uma mãe ocupada carregava, ela abriria mão de sua cesta. A atriz disse que era difícil achar uma bolsa espaçosa, segura e estilosa que ela gostasse.
Com o feedback de Jane, ele desenhou os primeiros esboços da bolsa Birkin em um saco de enjôo de avião. O design foi inspirado em um design anterior, a Haut à Courroies, que a Hermès criou por volta de 1900. A Birkin tornou-se um símbolo de status e uma das bolsas mais icônicas da história.
Em julho de 2015, Birkin pediu à Hermès que parasse de usar seu nome para a versão do crocodilo devido a questões éticas. Segundo o Peta, dois ou três crocodilos são usados em uma única bolsa Birkin (na versão crocodilo). A Hermès não se pronunciou na época e a Birkin ainda chama Birkin…
E pra encerrar 👋 💋
Te souviens tu
Au bord de l'eau
Moi j'm'en souviens
Comme si c'etait
Comme si jamais
Moi j'men souviens
Comme si plus rien
Vou procurar saber mais sobre o projeto Neom, esses processos de gentrificação é o que há de mais perverso do capitalismo
Essa news ta maravilhosa, Camis . Deliciosa de ler e com conteúdo bem interessante