O tempo das tendências

Um ciclo que acontecia em 20 anos, hoje nasce e morre em meses

Camila Yahn

mai 16, 2024

Bom dia!

Na news de hoje:

O Ciclo das Tendências
Prêmio Para o Design Brasileiro
Quando o Chão Vira Céu
Vi e Gostei: Novos Filmes e Séries
Uma Frase pra Refletir 🤯🤔
Last Song: See the Lights

O Novo Tempo das Tendências

Um ciclo que acontecia em 20 anos, hoje nasce e morre em meses

Você já deve ter visto nas redes sociais alguma trend “core", tipo barbiecore, brasilcore, cottagecore… Caso você não tenha visto, são tendências tipo express, que acompanham a natureza dinâmica e efêmera da internet e caem tão rápido quanto surgem. Mas qual o impacto disso?

Pouquíssimo tempo atrás, o ciclo de vida de uma tendência de moda durava até 20 anos, passando por 5 steps: introdução, ascensão, pico, declínio até cair na obsolescência, onde permanecia por muitos anos. Agora esse ciclo pode acontecer numa questão de meses ou semanas.

Essas trends constantes que vemos hoje têm muito menos a ver com moda e mais a ver com o modelo de negócios das redes sociais. E esse modelo vence quando consegue fazer com que a gente sinta que nunca temos o suficiente e necessitamos daquele “novo” estilo.

Sempre que uma tendência aparece, muitos negócios e empresas capitalizam em cima dela. Os consumidores são incentivados a ficar up to date com as últimas novidades através de produtos e outros itens comerciais. E rapidamente, o conteúdo passa de original e espontâneo a corporativo.

brasil core, cottage core, barbie core e recession core

Causar desejo e criar novas necessidades sempre foram premissas da moda. Só que agora, com a velocidade com que as tendências surgem significa que o tempo todo a gente acha que tá faltando alguma coisa (no nosso guardaroupa).

Quando a gente olha pros anos 50, 60, 70 etc, vemos claramente o estilo de cada década: o hippie dos anos 60, a disco nos 70, o maximalismo dos 80, o minimalismo e o grunge nos 90, só pra citar alguns. E quando pensamos nos anos 2020 ou nas próximas décadas, parece impossível que algum look ou estilo conseguirá traduzir com precisão o que domina a moda atualmente, porque nenhuma estética se mantém por tempo suficiente. E isso é culpa das redes sociais.

Quando tudo é tendência, o que dizer de algo que realmente é uma tendência de seu tempo?

E naturalmente, esse assunto passa longe da sustentabilidade. Não vai existir consumo consciente se a gente não conseguir se afastar e resistir ao ataque infinito de mensagens que recebemos sobre a necessidade de consumir.

Oi, Treevia

Designer brasileiro ganha prêmio com sensor inteligente para preservação de florestas

Olha que legal: o escritório do designer Victor Colhado, especializado em design industrial, acaba de ser premiado no IF Design Awards, um dos principais prêmios de design do mundo com o Treevia Smart Forest.

Ele é um sensor inteligente voltado à proteção de matas nativas. Criado para a Treevia Forest, ele é anexado ao tronco das árvores, através de uma fita autoajustável, conectando variáveis ambientais, como umidade e temperatura. O sistema ajuda os gestores florestais a entender melhor os efeitos das mudanças climáticas com alta precisão e confiabilidade.

Vale conhecer este e os outros projetos do Victor, que tem um processo transparente, focado em inovação impacto positivo no desenvolvimento de soluções de alta qualidade.

Quando o chão vira céu

Fui fazer um trabalho em Paris e na minha manhã livre fui até a Bolsa do Comércio ver a exposição Le Monde Comme Il Va (o mundo como ele é), com a coleção do bilionário Henri Pinault, dono do grupo Kering (Gucci, Balenciaga, etc). A gente ganha um presente logo na entrada, com essa obra linda e gigante do iraquiano Mohammed Sami, One Thousand and One Nights:

Mas a estrela da mostra é a sulcoreana Kimsooja, que ocupa o espaço principal com uma instalação gigantesca chamada To Breathe - Constellation.

Monumental e etéra ao mesmo tempo, a obra consiste em um espelho que cobre todo o chão, distorcendo a arquitetura de Tadao Ando e fazendo com que o céu apareça sob os nossos pés. O “em cima” e o “embaixo” misturam-se, chega a dar uma certa vertigem, a gente fica desorientado. É uma experiência tanto vertiginosa quanto mágica, vale acompanhar o trabalho dessa artista. Acredito que nas fotos não dá pra passar a sensação que é andar no que parece um abismo sem fim e que colide com o céu, como se o mundo virasse de ponta cabeça. Mas, taí…