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Bom dia! ☀️
Na news de hoje:
🙃 Entrevista com Pedro Vinicio
✅ Curiosidades contemporâneas
🎵 1 música pra encerrar: Dupla 02 + Jup do Bairro
Oi, Pedro Vinicio!

Ele estourou aos 15 anos com seus personagens coloridos e com cara de ligadão que têm preguiça de sair de casa, se irritam com os outros, procrastinam, correm atrás da saúde mental e lêem livros com dicas do tipo “como socar alguém pela tela do celular” ou “como ficar fitness sem fazer exercício físico”.
Pedro Vinicio, o fenômeno do instagram que faz a gente rir e se reconhecer no caos da vida moderna, é um jovem ilustrador que transforma o caos cotidiano em poesia ácida — e viral.
Nascido em Garanhuns, no agreste pernambucano, cidade com pouco mais de 140 mil habitantes, Pedro tem apenas 19 anos, mas uma trajetória intensa. Em poucos anos, foi de um “menino que tinha tudo pra dar errado” a uma estrela da ilustração que hoje é seguido por quase um milhão de pessoas, incluindo artistas como Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Ivete Sangalo, entre muitos outros nomes célebres.
Seu traço e seu humor chamaram atenção de marcas como UMA X, El Cabriton e Papel Craft, que hoje estampam cadernos, camisetas e roupas com seus personagens. Mas seu trabalho já caiu no gosto popular e virou decoração de bolo, tatuagem e fantasia de carnaval.
Se ele foi um péssimo aluno na escola, é um ótimo aluno de arte, constantemente estudando e buscando novos aprendizados, linguagens e técnicas.
Acompanho o Pedro desde o começo — e fiquei feliz quando ele topou conversar comigo. Passamos uma hora em uma videochamada trocando histórias, risadas e pilhas de folhas com rascunhos e desenhos.
Abaixo, a conversa editada para uma leitura mais fluida. Divirta-se!
Quando você descobriu seu gosto pela arte?
Eu sempre tive contato com arte, mas era uma coisa mais industrial. Mas sou muito curioso, queria ver mais, queria ler. Pegava livros na escola e me aprofundava. Descobri Pina Bausch, bailarina maravilhosa. Oswald de Andrade é outra referência, desde a escola eu já ficava louco com aquela coisa da antropofagia.
Você era um bom aluno?
Não, eu era o pior aluno da classe. Aquele que o professor olha e diz: “esse aí não vai dar em nada”. Repeti três anos, só fui aprender a ler com 10. Eu tinha tudo pra dar errado. Ficava no fundo da sala, muito tímido, só desenhando.
Minha mãe ficava me trocando de escola. Eles estavam já meio chateados e decidiram não mais pagar escola pra mim e fui estudar num colégio do governo. E lá foi a maior descoberta da minha vida porque foi arte direto. Comecei a ir ao teatro, ao cinema e a ter mais contato com uma professora de artes plásticas, que me incentivou muito.
E os seus pais faziam o quê?
Meu pai começou como caminhoneiro e depois montou uma empresa de caminhão. E minha mãe ficou mais como dona de casa porque engravidou da minha irmã e depois de um tempo, engravidou de mim e ficou assim.
Você desenha desde que idade?
Desde a vida toda. Meu desenho me acompanhava em todos os lugares. Era meu melhor amigo, inimigo, era tudo. E ainda é. Hoje fui dormir 8 da manhã, passo a madrugada ouvindo música e pintando. Mas ninguém vê minhas pinturas porque eu não posto.
Por que não? Você não acha que ela é boa?
Eu acho que é legal, o Caetano Veloso e a Paula Lavigne compraram, a Zélia Duncan comprou, um pessoal bem legal.
Como eles descobriram suas obras?
Eu cheguei a postar uma vez, as pessoas começaram a pedir e eu não dava conta. Mas esse negócio do valor é muito complicado quando você trabalha pelo instagram. As pessoas achavam que era algo vendido a R$ 100. Tem que ser mais uma galeria por trás mesmo. Essas pinturas que foram vendidas tavam expostas na Arte Rio.
E você sempre teve esse traço e essa linguagem do rabisco?
Naquela época que eu tava muito triste na escola, bem no meu canto. Como eu repetia de ano e mudava muito de escola, ficava muito frustrado. Em vez de fazer a prova, eu fazia um desenho e depois jogava no lixo. Aí me diziam ”o seu traço está no lixo”. Aí chegou a pandemia, eu olhei pro meu desenho e pensei que eu não via muito dessa linguagem no instagram, de mostrar algo errado. As pessoas normalmente apagam o erro e eu pensei: vou trazer o erro. Foi natural.
Você criou uma forma de identificação instantânea com o público porque a gente se reconhece muito nas falas das personagens. A gente ri das nossas próprias mancadas ou rabugentices. Muitas vezes eu leio seus posts e penso: nossa, sou eu! E assim você criou uma rede com quase 1 milhão de pessoas. Você imaginava isso?
A princípio não era muito pra ninguém gostar, era mais uma provocação. Nessa época eu via muito as performances da Marina Abramovic e ela tinha essa coisa de provocar. Eu também gostava de punk, então queria fazer algo pra agradar ninguém, mas acabou agradando todo mundo.
Eu comecei no meu quarto com 14 anos, cheio de espinha, sem saber nada direito do mundo. Ai comecei a postar, uma marca mandava mensagem e eu achava que era golpe. Depois de dois anos, pensei que talvez daria para virar trabalho e ganhar algum dinheiro. Quando chegou a pandemia, fiz quatro desenhos que abordavam esse momento e deu uma bombada. O texto era algo assim: ‘Não fica triste, já já a quarentena passa’. Só que a quarentena não passava e eu tinha que apagar…
A revista Trip viu e me convidou pra uma matéria que foi repostada pela Andreia Horta, a Fafá de Belem e Bruna Marquezine. Daí acabou viralizando.
Conta um pouco mais desse momento.
Eu deixei a poeira baixar, não tinha foto minha em lugar nenhum, fiquei na minha. Isso era numa sexta. No domingo, eu almoçando, toca o celular da minha mãe, era um jornalista do Globo querendo fazer um perfil. O jornal El Pais escreveu um texto me chamando de guru e, em uma semana, tinham uns cinco jornalistas me ligando. Eles pediam pra fazer videochamada, mas eu tava cheio de espinha no rosto e não topava. Todos achavam que eu era uma pessoa bem mais velha, mas eu só tinha 15 anos.
As pessoas se impressionavam quando você dizia que tinha 15 anos?
Elas não acreditavam, achavam que era alguém da Porta dos Fundos, um jornalista ou um casal aposentado escrevendo (risos).
Quantas visualizações tem o seu perfil hoje?
30 milhões de visualizações por mês.
O que os seus pais acham dessa explosão de Pedro Vinicio?
Minha família jamais imaginou que eu seria artista. Mas acho que eu consegui, né? Fico muito feliz com isso. Sempre fui muito amigo dos meus pais e de minha irmã. Eles sempre me deram força. Quando fiquei reconhecido, minha mãe falava pras minhas tias, ficou aquela coisa. O bom é que minha mãe sempre cortou meu ego e isso é bom pra eu saber melhor onde quero chegar.
E você quer chegar onde?
Quero continuar fazendo meus quadros, meus desenhos. Acho que consegui chegar numa linguagem e isso é muito importante pra quem trabalha com arte. Mas penso em fazer cinema também.
Hoje você tem 19 anos. Como você vê sua evolução desde que começou?
Acho que tenho a mesma linguagem, mas com uma qualidade a mais. Agora tem um conceito, eu sei o que eu quero fazer. Antes eu sabia que queria fazer humor, queria que todo mundo pudesse dar uma risada democrática, sem ter que ofender ninguém e acho que venho conseguindo. Sou muito preocupado com essa coisa de gênero, tem memes muito machistas por aí, eu fico chocado. Por isso escrevo os desenhos no gênero feminino.
E o meu desenho teve uma evolução sim, eu vinha me inspirando muito pelo trabalho do Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, José Damasceno. Ficava louco com os catálogos deles.
E engraçado que hoje eles todos te acompanham, né? O que você sente ao ver essas pessoas que são suas referências reconhecerem o seu trabalho?
É a melhor coisa, a maior alegria. Até escrevi isso essa madrugada: é muito bom ser eu! Imagina: eu falei de Cildo quando tinha 15 anos e no ano passado ele falou de mim, desenhou pra mim. Eu estudei sobre a Jac Leirner quando tinha 14 anos. Hoje é minha amiga, a gente brinca, ela diz que a gente é casado (rsrs), trocamos mensagens de whatsapp. Fico muito feliz de ter contato com esses grandes artistas.
E as frases, você tira de onde? Você anota e guarda pra colocar no desenho certo? Ou você desenha pensando na frase?
Eu escrevo várias coisas bagunçadas, às vezes nada com nada. Depois eu pego isso e faço uma conexão quando estou lendo Focault ou Sartre. Meu amigo brinca que eu leio essas coisas pra depois fazer um resumo que todo mundo entende. Ou eu tô andando na rua e a frase já vem pronta ou a vida me mostra, uma amiga minha diz algo e eu guardo.
Seus amigos te inspiram?
Eu tenho poucos amigos, mas o suficiente pra gente ter ideias. Mas às vezes eu tenho tanta ideia que me dá preguiça de fazer. Dá uma crise de ansiedade, sabe?
Você tem crise de ansiedade por excesso de ideia?
Tenho excesso de vontade de fazer. Tipo, tô indo dormir e fico com vontade de levantar e desenhar o resto da madrugada.
Você dá nome aos seus personagens?
Eles não têm nome, sexo, identidade, não têm nada. São tipo uma entidade.
Você já teve medo de se repetir?
Acho que já. Eu tava com esse medo há poucos dias. Será que estou repetindo muito a mesma coisa? Mas daí ouvi uma frase de Pina Bausch em que ela dizia repetir nunca é a mesma coisa. E isso deu uma limpada na minha mente.
Você recebe críticas?
Tive problema só uma vez quando fiz um desenho que era assim: ‘Você é bipolar?’ E a personagem marcava nos dois quadradinhos. E houve uma pessoa que ficou ofendida.
O que você gosta de fazer quando está livre?
Engraçado... Desenhar. (risos) Eu fico livre pra poder desenhar. Mas gosto de sair pra tomar um café, comprar livro, ver um filme. Gosto demais de ouvir música, coleciono discos de vinil.
Você tem uma galeria que te representa?
Ainda não. Fugia de galeria no começo, mas hoje acho que é bom sim ter uma galeria. Eu produzo muito mesmo.
(pelo video, Pedro me mostra umas pinturas com sombreamento, bem diferentes do trabalho dele ao qual estamos acostumados).
Quero fazer uma exposição com esses desenhos que pouca gente conhece. O instagram é minha diversão, minha agenda pública, mas tenho outras ideias e muita pintura grande também.
E você já vive do seu trabalho?
O dinheiro que tiro é legal. Tem parcerias, publicidade, Folha de S.Paulo. Era o meu sonho conseguir isso. Eu consigo viver bem e ter as minhas coisas. Gosto mais de gastar em livros e molduras. Quando lancei o livro da Cobogó, comprei três malas de livro, catálogo de Tunga, só livro muito classe. Gastei todo meu dinheiro nisso, mas valeu a pena. Agora inventei de começar uma coleção de arte porque a gente troca muito quadro.
A gente quem?
Ah, eu ganhei uma gravura do Zerbini, tenho um retrato meu que ele fez. Tenho uma parede só de retratos. A Jac Leirner também me desenhou. Arnaldo Antunes… tem um monte de artista incrível que me desenhou e me mandou. Aí a gente troca arte.





Que delícia.
Quando fui ver, tinha uma coleção em casa. Mas é tudo pela arte, nada envolvendo dinheiro. É natural. Também desenhei pro Zerbini, pro Otto, que ficou muito meu amigo.
Sabe o que eu adoro nos seus desenhos? As botinhas, especialmente as com estampa de vaca. 😄
Essa bota é inspirada no Alexander McQueen. Quando conheci o trabalho dele, achei que era pura arte e comecei a pesquisar.
O que mais você gosta de moda?
Além do McQueen, também gosto da Vivienne Westwood. Agora estou inspirado por esse livro (e me mostra um livro do Richard Avedon).
Maravilha, Pedro, adorei falar com você. ❤️
Eu amei a conversa. O papo foi ótimo, obrigado!
Curiosidades rápidas
Donatella Versace faz sua última campanha para a Versace, antes de sair da marca que dirigiu por mais de 25 anos. E ela chamou as modelos que sempre foram fiéis e símbolos da Versace, desde a época de seu irmão Gianni. Kate Moss, Claudia Schiffer, Kristen McMenamy e Amber Valletta, entre outras, foram fotografadas por Mert & Marcus, dupla que também assinou centenas de campanhas da marca.
Os Antwerp Six ganham sua merecida primeira exposição no ano que vem. O grupo é formado pelos estilistas belgas Dries Van Noten, Ann Demeulemeester, Dirk Bikkembergs, Dirk Van Saene, Marina Yee e Water van Beirendonck. Parte da mesma turma da Royal Academy of Fine Arts, na Antuérpia, nos anos 1980, eles criaram uma nova estética e um novo capítulo da história da moda. Mais aqui na Dazed.
Você já ouviu falar do Dylan's T-Shirt Club? Dylan é um menino de 11 anos, de Los Angeles, que começou a desenhar em camisetas como uma brincadeira após ganhar da avó um estojo de canetas para tecidos. Os desenhos são divertidos, coloridos e, coisas do destino, caíram nas graças de pessoas bem influentes. Entre seus clientes estão Pharrell, Elle Fanning, Nicolas Ghesquiére (diretor criativo da Louis Vuitton), Paul Smith, Pierpaolo Piccioli e Tony Hawk.
Uma exposição incrível abre este mês em Munique, com a participação de grandes artistas, entre eles os brasileiros Ernesto Neto, Rivane Neuenschwander e Lygia Pape. A mostra For Children. Art Stories since 1968, traz obras criadas especificamente para crianças e jovens entre 1968 e os dias atuais, e explora temas universais — como humanidade, sociedade, política, economia, ecologia, tecnologia e futuro. Olafur Eliasson e Bruce Nauman também participam.
E pra encerrar 👋 💋
Famozin, Dupla 02+ Jup do Bairro
Amei 🥰
maravilhoso