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Bom dia! ☀️
Na news de hoje:
Os 50 anos da Zara
Um casting dos sonhos
A incrível história do jeanswear no Brasil
O que eu tô vendo, lendo, ouvindo
Meu Pedro Vinicio da semana
1 música pra encerrar: Kali Uchis
Os 50 anos da Zara
As transformações implementadas pelo império do fast fashion
No início dos anos 2000, a Zara chocou a indústria da moda pela velocidade com que colocava novas tendências nas lojas a preços acessíveis. Peças que haviam acabado de aparecer nas passarelas de Paris surgiam dias depois em suas vitrines.
Como funcionava antes: Marcas como Prada, Chanel e Gucci desfilavam duas coleções por ano. Era o ponto de partida de um desejo que demorava meses para se traduzir em produtos disponíveis — e caríssimos. Para a maioria, a moda de luxo era algo a ser admirado apenas por fotos ou editoriais de revista.
A Zara subverteu esse fluxo. Centralizou design, produção, logística e distribuição, tornando possível detectar uma tendência e colocá-la à venda em duas ou três semanas — enquanto o resto do mercado ainda prototipava. E fazia isso por preços até 95% mais baixos que os das marcas de luxo. O desconforto entre as grifes high end e de luxo foi imediato: vieram acusações de cópia e discussões sobre propriedade intelectual.
Outra coisa que a Zara inseriu no mercado foi o uso do ponto de venda como insumo criativo. Gerentes de loja reportavam, em tempo real, o que vendia, o que encalhava e o que os clientes buscavam. E essa escuta direta virava decisão de design. Toda semana entravam novidades nas lojas e a Zara chegou a lançar mais de 20 coleções por ano — um número impensável até então.
Assim nasceu o fast fashion como modelo global: acessível, conectado às tendências, ágil e replicável. Em termos operacionais, era — e ainda é — impressionante. A marca cresceu tanto que nunca precisou de campanhas publicitárias. Quando chegou ao Brasil, nem assessoria de imprensa tinha — e se manteve assim por anos.
Mas a velocidade teve seu custo. O modelo também virou sinônimo de excesso, descarte e exploração. Em 2011, a Zara foi envolvida em uma das maiores crises de reputação de sua história no Brasil. Uma operação do Ministério do Trabalho encontrou 15 pessoas em condições análogas à escravidão em oficinas terceirizadas que produziam para a marca. A empresa admitiu a irregularidade e firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas voltou a ser autuada em 2015 por descumpri-lo parcialmente.
Hoje, o impacto ambiental, a geração de resíduos e as relações trabalhistas em países do Sul global seguem sob escrutínio. A Zara tem investido em programas de compliance e sustentabilidade — mas permanece sob vigilância constante de consumidores e instituições.
Parte do grupo espanhol Inditex, a gigante chega aos 50 enfrentando um cenário novo: consumidores mais conscientes, pressão ambiental crescente e uma concorrência que acelera ainda mais o jogo.
Se há 25 anos a Zara surpreendeu ao reinventar a lógica da moda com o fast fashion, hoje é a Shein quem repete o impacto — com um sistema ainda mais agressivo em volume, preço e velocidade. Agora, a corrida não é mais só por tendências — é por cliques, dados e algoritmos. Até quando esse planeta vai aguentar, é tema para outro texto. O futuro da moda segue costurado entre desejo X consequências.
Ranking das fasts
Mais poderosa: Inditex/Zara (liderança em modelo, lucro e escala global)
Mais disruptiva/digital: Shein (crescimento rápido, foco em microtendências, mas com um processo de produção que passa por trabalho análogo à escravidão)
Mais consolidada em moda acessível tradicional: H&M (ainda forte, mas em queda relativa nos últimos anos)
Mais forte em inovação técnica e básica premium: Uniqlo
E o casting dos sonhos (e milionário)?
Vou ter que falar das modelos. Que ódio que me deu olhar pra esse casting que é o sonho de qualquer pessoa que trabalha com moda. Para celebrar seu cinquentenário, a Zara convocou um casting com as 50 modelos mais incríveis, com nomes seriamente icônicos.
As tops dos anos 90? Check. Linda, Amber, Cindy, Naomi, Carla Bruni, Christy, Eva Herzigova, Imaan, Paulina Porizkova. Essas são as mulheres que mudaram o que significa ser modelo. Donas da p**** toda, Olimpo fashion total (senti falta da Kate Moss e da Claudia Schiffer).
E as do início dos 2000, todas as principais aqui tbm: Alek Wek, Karen Elson, Carolyn Murphy, Doutzen Kroes, Joan Smalls, Liya Kebede, Karlie Kloss, Adriana Lima, Sasha Pivovarova. Meu deus, eu acompanhei muito essas meninas. Foi o momento em que eu era mais diehard fashion fan possível (dessa leva, senti falta da Natalia Vodianova, Gisele e Isabeli Fontana).
E ainda Carol Trentini, Abbey Lee, Candice Swanepoel, Fei Fei Sun, Irina Shayk, Mariacarla Boscono, Vittoria Ceretti, Paloma Elsesser. E Twiggy e Marisa Berenson, dois dos mais memoráveis nomes da moda dos anos 60 e 70.
Conversando com profissionais da área, fizemos uma estimativa por cima e chegamos num número de U$S 20 milhões só com casting. Pensando que uma supermodelo (Cindy, Naomi, Adriana…) pode cobrar no mínimo US$ 350 mil por job, e levando em conta o tamanho da marca e a importância da campanha…
Mas não para por aí. Tem a trilha também. No caso, I Feel Love, de Donna Summer, clássico absoluto com direitos autorais valiosos. Também chegamos num chute por aqui de mais ou menos R$ 2,5 milhões pela gravação original com vocais. Como comparação, dizem que o Itaú pagou R$ 1.5 milhão por Freedom, do George Michael, sem os vocais originais.
A equipe criativa por trás do shooting e do filme está a altura e são alguns dos nomes mais relevantes do mercado: o fotógrafo Steven Meisel, o stylist Karl Templer e a maquiadora Pat McGrath.
O Jeans do Brasil, o livro
Um mergulho inédito na história do denim nacional
Tive o privilégio de participar de um projeto muito bacana que resgata a história riquíssima do jeanswear no Brasil, o livro O Jeans do Brasil. Nosso país é uma potência nesse setor, mas poucas pessoas sabem disso. Temos um histórico de pioneirismo e vanguarda nessa área, além de sermos um dos únicos países do mundo que têm o processo completo do denim, da plantação do algodão até a peça chegar às lojas. Temos um mercado que movimenta R$ 33 bilhões por ano, com mais de 6 mil indústrias e 350 milhões de peças produzidas anualmente.
O projeto criado por Beth Venzon, Gabriela Cirne Lima, Giu Castelo Branco e Jussara Romão, levou cinco anos, mais de 100 entrevistas, oito viagens, quatro exposições, centenas de posts e um podcast, que viraram um livro enorme, escrito por essa que vos fala 🙆♀️🙆♀️🙆♀️ com lançamento marcado para 21.05, no Denim City SP, em São Paulo.
Mais do que um livro, O Jeans do Brasil é um manifesto visual e afetivo sobre um dos produtos mais simbólicos da moda brasileira. Um registro de Um jeans que nasceu na indústria, cresceu com o design e ganhou as ruas, as passarelas e as favelas. Agora, vira também memória documentada.
Delícias culturais e gastronômicas da semana
🎧 Músicas: A Noite, da Tiê, linda, linda; Modern Girl, do Bleechers, pra animar e dançar; e Lift You Up, da Jessie Ware com a Romy, pra uma super injeção de ânimo. E o cover de Murder on the Dancefloor com a dupla australiana Royel Otis.
🍫 Comidinhas: Provei no aniversário da minha amiga Clélia a melhor mousse de chocolate EVER, feita pelo Charlô. Sou especialista no assunto hahaha, recomendo ; )
🎦 Um documentário: O da Rita Lee, no Max, é emocionante. Foi filmado semanas antes dela falecer. Tem cenas lindas e constroem a persona da Rita como uma mulher a frente do seu tempo.
Uma leitura: a matéria do João Baptista Jr. na Piauí sobre o francês Alexandre Allard, o nome por trás do complexo de luxo Cidade Matarazzo, em São Paulo
📸 Uma artista: Lia D Castro, que está com uma exposição bem bonita na Martins & Montero.
Meu Pedro Vinício da semana
E pra encerrar 👋 💋
Artista americana-colombiana pra ficar de olho
Oi Marina, tudo bem? Muuuuito obrigada pela mensagem! Entra no insta do projeto e as meninas te respondem por lá como adquirir! https://www.instagram.com/ojeansdobrasil/
beijos, Camila ; )
Camila, adorei a edição, a curadoria e o seu trabalho é incrívelll. Adoraria prestigiar o lançamento do livro, mas no horário do evento estarei no escritório (o escritório em que trabalho tem uma área de direito da moda!). Fiquei super interessada em adquirir o livro, mas não achei o link! Quando estiver disponível poderia compartilhar?? obrigadaaaa