Que BABADO é esse?
Livro icônico dos anos 1990 é relançado com cenas da noite e da moda atualizadas
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Bom dia! ☀️
Na news de hoje:
Babado Forte
Slim Aarons e a boa vida
Restaurante pé na água
Carros Voadores
Quote: Uma frase pra refletir 🤯🤔
1 música pra encerrar: Ride on Time
Que BABADO é esse?
Livro icônico dos anos 1990 é relançado com cenas da noite e da moda atualizadas
Todos as expressões autênticas e que influenciam a cultura começam nas ruas ou na cena underground. E não foi diferente com o surgimento dos movimentos como o clubber e o grunge que marcaram os anos 1990.
Por ter sido berço de tantas manifestações criativas na música, na moda e na noite - uma celebração da vida pós epidemia da Aids - essa década continua causando interesse e influenciando não apenas artistas, fotógrafos, músicos e estilistas, mas também o público, que vê esta década como um caldeirão de tendências e referências.
Aqui no Brasil, especificamente no eixo Rio-São Paulo, um grupo ainda pequeno de pessoas via surgir o culto ao DJ e a chegada da música eletrônica em suas muitas vertentes (tecno, house, trance, drum’n’bass, etc).
Eu estava no início dos meus 20 anos e vivenciei esse momento no modo full: estava nas primeiras raves, nas primeiras festas de música eletrônica, no primeiro e mais icônico after hours do Brasil, circulava entre DJs, promoters e estilistas emergentes. Foram alguns anos de pura experimentação, de expansão de mente, todo mundo vivendo o novo juntos, construindo coletivamente uma cena, um estilo de vida e um modo de enxergar o mundo.
Uma cena única estava sendo construída e seu maior valor era a liberdade de auto-expressão. As pessoas se vestiam de formas absurdas, totalmente DIY, onde o corpo, o cabelo, a roupa, os acessórios, absolutamente todo espaço, era uma tela limpa para ser preenchida por cores, tecidos, adesivos, tatuagens, piercings e até band-aids coloridos (uma das muitas modinhas internas que pegavam entre os clubbers). A frase One Nation Under a Groove (nome de um clássico do Funkadelic) era comumente usada para traduzir a sensação de conexão e pertencimento que a gente sentia.
Ainda assim, poucos registros contam essas histórias tão bem quando o livro Babado Forte, lançado em 1999 pela jornalista e curadora Erika Palomino. Ao longo da década de 1990, Erika cobriu in loco a cena clubber e sua influência na moda e na cultura em sua coluna Noite Ilustrada, publicada semanalmente na Folha de S.Paulo.
Usando como nome uma dos termos mais falados e adorados da cena LGBT+, o livro foi uma sedimentação do que Erika já fazia no jornal. Ainda que primeiramente focado no eixo Rio-SP, ele abriu caminhos e foi importante para muita gente que se descobria naquelas fotos e, assim, também entendiam um pouco seu lugar no mundo.
Completamente esgotado, Babado Forte virou um objeto cult, uma referência, um documento cultural de uma década, uma viagem deliciosa e divertida no tempo e um livro daqueles que, quem não tem, quer ter.
Agora isso será possível com a chegada do Babado Forte 2, que atualiza a cena da noite e da moda entre os anos 2000 e 2024, retratando ao todo, 35 anos de cultura jovem no Brasil. Mais de 200 novos depoimentos foram tomados e o nova exemplar também cobre capitais como São Luís (MA), Belém (PA), Recife (PE) e Salvador (BA).
A edição que Erika faz, ao descobrir paralelos estéticos e comportamentais entre o ontem e o hoje, é o que torna o livro tão relevante. Vemos imagens que podem ter 25 anos de diferença, mas que carregam tanto em comum ao mesmo tempo.
"Um dos desafios do projeto era justamente estabelecer comparações com o presente, refletir de onde partimos em 1999 e onde chegamos, quais foram as transformações ocorridas ao longo de 25 anos naquelas cenas, com atenção especial às manifestações associadas aos códigos do vestir e à comunidade LGBT+”.
E o que, num contexto de documentação cultural, mudou de lá pra cá? "Vejo mudanças principalmente no tamanho e na dimensão que as coisas tomaram”, diz Erika. "Uma coisa que não tinha antes é esse recorte oficialmente mais politizado. A geração dos anos 1990 estava preocupada ainda em existir - já era uma resistência, mas não nos víamos assim. Outro aspecto é que o livro documenta a passagem do analógico para o digital, e a influência disso e das tecnologias nas nossas vidas. É, de certa forma, também um documento de como se vivia antes da internet!”.
Atualizar o conteúdo da edição original era um sonho que ganhou mais urgência com o crescente interesse das novas gerações pelos anos 1990. Assim, novos personagens entram em cena, como a DJ e produtora BadSista; a performer Puma Camillê; as turmas do coletivo baiano Afrobapho e do Coolhunter Favela; as festas Dando, Mamba Negra, Capslock e Batekoo; o festival Gol Tun; as maravilhosas da cena Ballroom, entre outras manifestações festivas. Na moda, vemos nomes como Day Molina, Vicenta Perrotta, Gustavo Silvestre, Lab Fantasma e Isa Issac Silva.
Mais de 200 entrevistas foram feitas para construir o Babado Forte 2, resultando em um livro robusto com 464 páginas (96 de imagem).
E como estamos em 2024, ele ganhou também uma linguagem digital - BBD FRT - e, com tanto material apurado, vai existir muito além das páginas do livro físico. "Naturalmente, não iria caber tudo o que foi apurado, então, a plataforma digital BBD FRT (site, Instagram, Spotify etc.) foi criada para ser um suporte contínuo de atualizações. Vem aí também um podcast e já estamos trabalhando no documentário!”. Babado Forte, bem vindo ao mundo digital.
* Babado = Fofoca, acontecimento picante, bafo, bas-fond, parangolé (na definição da Erika).
A galeria Mario Cohen recebe a primeira exposição individual do fotógrafo Slim Aarons (1916 - 2006) na América do Sul. Se você não conhece o trabalho de Slim, certamente lembra desta imagem acima, de duas socialites conversando na beira da piscina com uma linda casa modernista de fundo, junto às montanhas de Palm Springs, na Califórnia. Dá vontade de morar aí nessa foto. “Poolside Gossip”, clicada em 1970 na icônica Kaufmann House com projeto de Richard Neutra, virou uma referência para arquitetos, designers, estilistas e artistas mundo afora.
E Slim também virou uma referência como um fotógrafo que consegue congelar momentos de pessoas bonitas e ricas em lugares bonitos e ricos vivendo a boa vida. Nesta mostra, vemos 20 imagens, 20 cenas hedônicas que transbordam o prazer de viver, dos Estados Unidos aos verões mediterrâneos.
“O fotógrafo americano foi um dos grandes nomes de seu tempo, ao documentar a sociedade e o estilo de vida de uma época esteticamente rica, como foram os anos 1960”.
Galeria Mario Cohen
Curiosidade sobre a obra Poolside Gossip: em 2015, a Semana do Modernismo de Palm Springs recriou a foto de Slim, chamando as mulheres que estavam na imagem original (Nelda Linsk, dona do casa quando a foto foi tirada, e Helen Kaptur) para reviver a cena 50 anos mais tarde:
La Dolce Vita, de Slim Aarons
De 23.11.24 a 8.02.25
Rua Capitão Francisco Padilha, 69 – Jardim Europa, São Paulo
Entrada gratuita
The River, um restaurante sobre a água
Um rio em Ontário (Canadá) serviu de locação para um restaurante que funcionou por apenas um fim de semana. Toda a cozinha e área de jantar foi montada diretamente no rio e os convidados foram convidados a deixar seus sapatos e meias de lado, sentar-se à mesa e desfrutar de um menu de quatro pratos de com iguarias locais.
Ideia do artista canadense Dean Baldwin Lew, que também é a quarta geração de uma família do ramo da gastronomia. Se todos os cuidados forem tomados para não sujar a natureza nem poluir a água do rio, é uma experiência incrível. Já quero reproduzir na minha beira de rio.
Carros voadores
Desde os Jetsons a gente sonha com carros voadores. Por muitos anos, não conseguimos nem imaginar como isso se tornaria uma realidade - e vendo o caos que é com os carros em terra firme, será que carros voadores iriam trazer algum alívio ou apenas ocupar o céu com mais confusão?
Agora, isso está prestes a ser testado: a Administração Federal de Aviação dos EUA publicou regulamentações oficiais para táxis aéreos.
O que sabemos é que esses veículos estão mais para helicóptero do que carro voador e podem acomodar quatro passageiros e um piloto.
Segundo a newsletter The Hustle, a Joby Aviation desenvolve um veículo de decolagem e aterrissagem vertical (VTOL) movido a hidrogênio, chamado Midnight, que decola e pousa sem pista. Em um teste, a aeronave emitiu apenas vapor de água, mostrando-se uma alternativa mais sustentável aos jatos tradicionais.
A Joby é uma entre várias empresas que buscam criar táxis aéreos com aeronaves elétricas de 100 milhas de alcance, destinadas ao transporte urbano e conexões com aeroportos.
“Quando falamos, temos medo de que nossas palavras não sejam ouvidas ou bem-vindas. Mas quando estamos em silêncio, ainda temos medo. Então é melhor falar.”
Audre Lorde, escritora e ativista
E pra encerrar 👋 💋
Ride on Time, Black Box