Quem vê talento vê gênero?
Principais cadeiras da moda global ainda são ocupadas por homens
Bom dia!
Na news de hoje:
Talento X Gênero
6 profissões do futuro
Vida e Morte da Natureza
A Liberdade em uma frase, por Virginia Wolf
Last Song: Minha Música do Momento
Quem vê talento vê gênero?
Muitas vezes, quando se questiona a falta de mulheres nos cargos de decisão como diretoria criativa e CEO na moda, ouve-se o argumento de que essas posições devem ser preenchidas com base no talento e qualificação, independentemente do gênero. Certamente, ambos devem ser critérios importantes, mas o fato é que, em grande parte, esses cargos têm sido ocupados predominantemente por homens brancos. Isso levanta uma questão importante: será que estamos realmente avaliando o talento de forma justa e equitativa?
Esse assunto voltou à tona recentemente após a saída de Sarah Burton da Alexander McQueen. Em seu lugar, entrou o irlandês Seán McGirr, o que gerou um barulho nas redes sociais após a constatação de que todos os diretores criativos das marcas de moda do grupo Kering (Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Brioni e McQueen) são agora homens brancos. Como comparação, na LVMH, quatro mulheres ocupam cargos de liderança: Stella McCartney, Phoebe Philo, Maria Grazia Chiuri (Dior) e Camille Miceli (Pucci), respectivamente.
Seán deve ter toda qualificação e as ferramentas para não decepcionar, porém é preciso fazer um esforço para quebrar os estereótipos e as barreiras de gênero pois é fato que a desigualdade de gênero persiste de maneira gritante nos níveis mais altos de uma indústria que tem como mercado majoritário mulheres.
A indústria da moda tem uma longa história de preconceitos de gênero e falta de diversidade racial em suas estruturas de poder. Isso pode criar um ciclo onde as oportunidades e reconhecimento são concedidos com base em redes de contatos e normas culturais pré-existentes, em vez de verdadeiramente avaliar o potencial e as habilidades das pessoas. Portanto, a gente precisa questionar se a seleção baseada no “talento” tem sido, na verdade, uma maneira de perpetuar a desigualdade de gênero e racial na moda.
Não estamos aqui num joguinho competitivo infantil homens x mulheres. Nossa conversa é mais ampla e transparente. É fato que, embora a moda seja um campo que celebra a individualidade e a diversidade, muitas marcas ainda não conseguiram refletir esses valores em suas estruturas. Sabemos que a falta de representatividade dessa diversidade é um reflexo de um problema mais profundo no setor.
Mulheres incríveis ajudaram a construir e a remodelar a indústria, “não por se enquadrar nas regras corporativas lideradas pelos homens, mas por ignorá-las constantemente, confiando nos seus próprios instintos, vivendo como desejam e abrindo amplo espaço criativo para a sociedade”, escreveu a crítica Sarah Mower em um texto de 2019 que celebrava as estilistas fundamentais para a história da moda.
Muitos homens que dedicaram e dedicam sua vida a criar para mulheres, acabam idealizando mulheres que não existem. É difícil se colocar no lugar do outro sem ter a real experiência desse outro. Ou vocês acham que foi uma mulher que criou a Victoria’s Secret?
É nosso papel questionar e desafiar as normas e preconceitos de longa data. Isso não significa colocar mulheres em cargos de liderança apenas por serem mulheres, mas sim criar um ambiente em que o talento seja avaliado de forma justa e onde as oportunidades sejam acessíveis a todos, independentemente do gênero ou raça.
Esta indústria sempre foi considerada um setor dinâmico, inovador e transformador. No entanto, quando se trata de equidade de gênero e representatividade em cargos de liderança, o progresso é lento e a moda ainda tem um longo caminho a percorrer.
Texto originalmente escrito para o FFW.
6 profissões do futuro
Designer de Realidade Virtual e Aumentada: A criação de experiências imersivas está em alta demanda e vai impactar demais nossa experiência com marcas e em lojas e eventos.
Desenvolvedor de Conteúdo Interativo: Profissionais que criam conteúdo interativo para aplicativos, jogos e experiências digitais. Isso pode envolver programação, design de interação e narrativa interativa.
Especialistas em Tecnologias Generativas (como o chatGPT): Saber operar essas ferramentas é um talento a parte. Um operador precisa ter não só um entendimento sólido da tecnologia e suas limitações, mas saber os caminhos e gatilhos para pegar o melhor possível delas
Designer de Experiência do Usuário (UX) para IA: Experiência do usuário é o termo da década (ou do século?) e à medida que a inteligência artificial se torna mais presente, designers de UX especializados em criar interfaces intuitivas para sistemas baseados em IA serão muito requisitados.
Especialista em Ética de IA: Profissionais que se concentram em garantir que a aplicação de tecnologias como o ChatGPT e DALL-E seja ética, justa e não viole direitos ou valores. Pra mim, essa é a mais importante de todas.
Gerente de Diversidade e Inclusão: Num mundo cada vez mais virtualizado, não podemos deixar o lado humano de fora e precisamos sempre pensar em como a sociedade pode ser cada vez menos desigual. Pode soar como uma utopia, mas deve ser responsabilidade de todos nós trabalhar por isso.
Natureza: vida e morte
Coloca aí na sua agenda de exposições essa nova mostra na galeria Mario Cohen, em São Paulo. É a primeira exposição individual do fotógrafo argentino Edo Costantini, que era diretor do Malba, Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires, aliás um lugar que eu adoro.
A mostra é composta por uma série inédita de 11 obras, que retratam a efemeridade e a impermanência da natureza. “À luz da atual urgente crise climática, procuro documentar a própria natureza; a iminência da morte através da mutabilidade das estações que evidencia as mudanças drásticas que estão ocorrendo ao nosso redor. Assim, procuro captar uma história, a abertura de uma flor, o brilho do sol nas folhas secas; a transitoriedade da vida, o fim inevitável de cada uma de suas fases e o nascimento de uma nova vida”, diz Edo.
De 21. 10 a 25.11
Local: Rua Capitão Francisco Padilha, 69, Jardim Europa, São Paulo
Funcionamento: de terça a sexta, das 11h às 19h; aos sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
Uma bobeirinha gostosa: Aura Nails
A nail art revolocionou o mundo da manicure e dos esmaltes. As unhas viraram uma plataforma e estão criando novos mercados (unha em gel, mini adesivos, esmaltes apropriados e as pessoas com os skills para fazer nail art). Uma das tendências do momento é a Aura Nail, com aquele efeito degradê no centro das unhas. Dá pra fazer com aparelho de airbrush/aerógrafo ou até com uma esponja (eu não me atrevo). Ta cheio de tutorial e ideias no pinterest.
“Deixe-nos ferver sobre nosso caldeirão incalculável, nossa confusão fascinante, nossa miscelânea de impulsos, nosso milagre perpétuo - pois a alma lança maravilhas a cada segundo. Movimento e mudança são a essência do nosso ser; a rigidez é a morte; conformidade é morte: digamos o que nos vem à cabeça, vamos nos contradizer, jogar fora as bobagens mais loucas e seguir as fantasias mais fantásticas sem nos importarmos com o que o mundo faz, pensa ou diz".
Virginia Wolf
E pra encerrar 👋 💋
Cause my love is mine, all mine
I love, my, my, mine
Nothing in the world belongs to me
But my love, mine, all mine, all mine