Estados da Moda

Mais: a nova linguagem visual do Masp, o hotel do momento em Paris e uma série necessária

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Bom dia! ☀️

Na news de hoje:

• Estados da Moda

• A nova linguagem visual do Masp

• Meu próximo hotel em Paris

• Adolescência, a série

• O que eu tô vendo, lendo, ouvindo

• 1 música pra encerrar: Abracadabra 👻

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Estados da Moda

Pensamentos soltos sobre as mudanças mais recentes

Tô achando bem chato o JWA sair da Loewe. Olhando alguns posts no Instagram, parece até que ele morreu, “obrigado por tudo Jonathan W. Anderson”. Mas o clima é um termômetro de como esse encontro foi especial. Um estilista irlandês de 29 anos entra em uma marca espanhola de 167 anos (fundada em Madri pelo alemão Enrique Loewe Roessberg), pouco conhecida fora do circuito fashion. Ela já era prestigiada pelo seu trabalho com couro, mas ainda não tinha uma identidade forte ou um apelo contemporâneo no mercado de luxo.

Jonathan trouxe um olhar novo para o trabalho artesanal, com uma abordagem experimental para o couro, e elevou a Loewe a um patamar mais artístico, com coleções, acessórios e objetos que flertam com instalações de arte. Arte é uma de suas paixões e ele fala com fluência sobre artistas como Jackson Pollock e Henry Moore - e aqui tem um texto que ele escreveu pra Tate sobre Leigh Bowery.

Bom, o fato é que esse encontro - JWA + Loewe - foi um dos mais especiais da história da moda, algo que deu certo também com Galliano na Margiela e Francisco Costa na Calvin Klein, por exemplo. É um encontro de mentes, de visão criativa e de mundo que se encaixa. A Loewe estava esperando pelo Jonathan, mas ele também aguardava por ela. Um construiu o outro. Eu não queria ser a próxima pessoa a entrar lá no lugar dele. Big shoes to fill. Falei mais disso nesse post.

O nome mais interessante da moda hoje é o holandês Duran Lantink. Seu desfile recente na semana de moda de Paris oficializou o hype que vinha ganhando força desde 2019. Ele trabalha com sustentabilidade e inovação - não só tecnológica e processual, mas criativa também. Duran usa muitos tecidos e produtos descartados da indústria do luxo e tem criado seu próprio sistema de moda. Com um olhar subversivo e divertido, ele se diferencia ao mostrar uma moda autoral, consciente e criativa, como vemos na coleção Duranimal, que mistura padronagens de zebra, cobra, vaca e onça. Vou escrever algo maior sobre ele em breve.

E Donatella saiu da Versace. Ela entrou depois que seu irmão e fundador da marca, o icônico Gianni Versace, foi assassinado (tem uma temporada ótima de American Crime Story sobre esse acontecimento, com produção do Ryan Murphy). Ela sempre foi a musa de Gianni, a mulher que incorporava o glamour italiano, voluptuoso e exagerado da Versace. E apesar de não ser a minha kind of moda preferida, entendo que ela é a personificação da marca desde o dia 1. Quem assume é Dario Vitale, ex- diretor de design da Miu Miu. Faz sentido, com os rumores de que a Prada vai comprar a Versace.

Agora que match o Haider Ackermann na Tom Ford. Fazia tempo que não via um estilista entender tanto a linguagem e o espírito de uma marca logo na primeira coleção. Diferente de quando o Michelle entrou na Gucci e a gente se encantou porque ele nos mostrou o que mais a Gucci poderia fazer, além daquela mulher esbelta, poderosa e inatingível (Baby Girl?) da era Tom Ford e Frida Giannini. Ele mudou de rota radicalmente - precisa de coragem pra isso. Já o Ackermann foi a fundo no DNA que Tom Ford construiu, foi a fundo no glamour, no boldness, mas sem aquela microdose de cafonice do Tom. Chique, chique.

Quê mais… Ah, o Demna na Gucci. Jesuis, vamos ver no que vai dar. Só espero que ele não transforme a Gucci também numa segunda máquina de pr stunt, como fez com a Balenciaga. Mas a Gucci precisa mesmo de uma mudança forte e Demna é corajoso e conhecido por ser transgressor. Agora, quem será que vai entrar na Balenciaga… Diz que Pieter Mulier e Daniel Roseberry foram considerados como possíveis substitutos para a posição de diretor criativo. Seja quem for, podemos esperar uma mudança de rota, já que o olhar de Demna é bem particular.

A nova linguagem visual do MASP

Imagens Cortesia MASP

No dia 28 de março o MASP inaugura seu novo prédio, o edifício Pietro Maria Bardi, que já abre com todos os cinco espaços expositivos preenchidos por exposições diferentes.

Há muitos anos, em diálogo com Heitor Martins, diretor-presidente do museu, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928-2021) disse que o MASP deveria construir um novo edifício que tivesse as funcionalidades necessárias do museu, mas em uma arquitetura que não quisesse competir com aquela desenvolvida por Lina Bo Bardi, ao contrário, que pudesse ressaltá-la e conviver com ela.

O projeto arquitetônico é uma co-autoria de Júlio Neves com o escritório METRO Arquitetos Associados. Nas fotos dos espaços internos, vemos as similaridades com o primeiro prédio, que é um ícone da arquitetura de São Paulo e do Brasil.

O museu renovou também sua identidade visual. Um conhecido querido de longa data, Rony Rodrigues, foi o consultor de comunicação e trabalhou em parceria com o estúdio de design Porto Rocha para atualizar logotipo, ícones, tipografia e paleta de cores, além de criar um elemento gráfico que simplifica de forma abstrata os dois edifícios da instituição, lado a lado. Lindo.

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Amo um hotel monocromático

Interior do hotel / Foto: Reprodução

O Elysée Montmartre Hôtel acaba de inaugurar em Paris e já me deu coceira aqui pra conhecer. Mal abriu e já ganhou alguns prêmios por sua arquitetura e design, como o de Prédio do Ano, pela Arch Daily.

Com projeto do estúdio de design Policronica, o hotel fica no coração de Montmartre, um bairro que está efervescente. Eu amo que ele é monocromático e tem uma estética mais clean e orgânica, equilibrando formas retas e arredondadas. Fora que todos os elementos e o mobiliário - dos sofás e mesas aos puxadores de armários - foram fabricados especialmente para o hotel, em materiais como madeira, fibras vegetais, latão e tecidos neutros.

A Policronica trabalhou diretamente com pequenos proprietários florestais para adquirir as árvores como exemplo de como práticas florestais sustentáveis podem ser usadas em projetos como esse, com alto valor de design. Me aguarde, Elysée.

Adolescência, nova série da Netflix sobre um adolescente acusado de assassinar uma colega de classe.

Com quatro episódios, a série inglesa te coloca dentro da história, tanto por conta da atuação impecável dos personagens principais (o menino, o pai e o inspetor da polícia) quanto pelo jeito de filmar com uma câmera contínua. Em todos os episódios, a sequência é conduzida em uma tomada só, do início ao fim, sem cortes.

O tema é pesado e por isso eu ainda relutei alguns dias para assistir, mas a série é muito bem feita e abre uma janela para muitas questões e críticas sociais. Uma coisa que achei interessante é que a culpa não é dos pais, por exemplo, nem o pai ou a mãe são violentos ou alcoólatras. O filho não foi molestado em casa nem sofreu violência. Não é sobre uma criança que comete um crime por causa de uma coisa ruim acontecendo em casa.

Ele entra por outro caminho, também conhecido por celular, e essa é a parte mais aterrorizante e angustiante. Não é fácil, mas vale assistir. Uma curiosidade: o ator que faz o pai do garoto, Stephen Graham, é também o criador e co-roteirista da série.

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🎧 O que eu tô ouvindo: Algumas músicas de Mayhem, novo álbum novo da Lady Gaga. No momento, obcecada por Abracadabra; também gosto de Don't Call Tonight.

📺 O que eu tô assistindo: A Fronteira Oriental, série polonesa sobre espionagem política que estreou na Max. Dirigida pelo premiado Jan P. Matuszynski. E Ladrão de Drogas, na Apple, dirigida pelo Ridley Scott e protagonizada pelo meu crush Wagner Moura.

🎞️ Último filme que vi no cinema: Anora e Ainda Estou Aqui, gostei muito dos dois.

🎦 Livro que estou lendo: De Quatro, novo livro sensação da Miranda July, e V13, O Julgamento dos Atentados em Paris, de Emmanuel Carrére.

📸 Uma marca que acabei de conhecer: A Figa Beleza Consciente, com cosméticos que unem fórmulas naturais à alta performance. Ganhei de aniversário da minha amiga Mari e estou gostando muito.

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E pra encerrar 👋 💋

Feel the beat under your feet, the floor's on fire